segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

- ok! vc, fora do meu coração.
- ha! não.
- como assim, não?? vc não quer nada, e ainda insiste em permanecer aqui?
- é, lugarzinho legal. divertido. quase caindo aos pedaços, todavia serve.
- serve pra quê??
- pra demolir tudo de uma vez.

meio duro, porém real. :'(

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

domingo, 11 de dezembro de 2011

análise de você.

delírio do dia 22/11/2011.


analisando frases em teoria de atos de fala. sabe, analisar vc é bem mais fácil. e n preciso de austin ou searle para tal.
locucionário, ilocucionário e perlocucionário...

sábado, 10 de dezembro de 2011

musas de gonzaga
musas de castro
musas de alencar
musas de machado
musas de bilac
musas de bandeira
musas até de shakespeare, pessoa ou neruda.
e eu.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

madrugada. insônia. trechos de uma música não saem da mente.

se voltar desejos ou se eles foram mesmo,
lembre da nossa música. música.

há desejos, infinitos. vem e vão num ritmo agonizante.

se lembrar dos tempos, dos nossos momentos,
lembre da nossa música. música.

há momentos e tempos, juntos aos desejos. momentos lindos estes, aparentemente inacabáveis.

nossas juras de amor: já desbotadas.
nosso mais belo plano: desperdiçado.

planos e juras de amor, fiz dois em um.

então lembrei que não temos música, nem um beijo sequer. o meu sonho se perdeu no fio da vida. o plano e a jura de amor que fiz unicamente foi amar-te, para sempre. mesmo que nada do que tive vontade, nada do que desejei e nenhum dos momentos que pensei ter não tivessem sido reais. irreais. surreais.
e eu vou embora.
sem mais feridas, sem despedidas.

intencionalidade.

por que vc insiste em tornar o simples em complicado?
o que mais vc quer, afinal?
vc tem o desejo de encontrar alguém que te complete, que te compreenda, que compartilhe dos mesmos sentimentos e visões?
que coisa, não?!
já está na hora de parar de procurar, de escrever sobre, de sonhar.
viva. aja. mexa-se!
o óbvio está à sua frente.
não consigo me concentrar.
de frente à tela do computador, no bate-papo, vc oscila entre online e offline.
fico sufocada em meio a duas perguntas: “a conexão tá ruim?” ou “será que quer falar algo?”.
neste exato momento, a cada palavra que escrevo, olho para a tela para ver se continuas lá. olhares repetitivos, esperando uma atitude sua.
offline, online, offline, online, offline, online, offline, online, offline.
deves pensar: “ela olha meu perfil, toda hora.”
bem, mocinho, estás certo. eu olho sim, sempre que posso. porém de uma coisa eu sei: também olhas o meu. ris com as besteiras que eu posto e curto, concordas com meu ponto de vista, gostas das mesmas canções, ah, enfim.
só observas.
curtes uma vez ou outra, todavia sinto, sei que olhas. pensas em mim durante horas, mas teimas em dizer: “não é pra mim, não sou bom o suficiente.”
perdes tempo com outras pessoas, outras mulheres, outros versos sem sentido. e amo-te mesmo assim, teimoso, adiando a felicidade. porque sou a única que consegue enxergar a ti além do que permites aos outros. 

câmera lenta.

sentada estava. lia um livro profundamente, como se somente existissem ela e as letras no mundo, o seu mundo. esperando dar a hora para assistir as apresentações às 08:30, cecília, sozinha. de repente, seu mundo é quebrado por um “oi”. não era um simples “oi”. sentiu um leve sobressalto, mas logo voltou a si. respondeu o “oi” e sorriu timidamente. era danilo, colega de cecília e aquele que a conquistou pelo simples ato de falar. então diz: “esperando começar as apresentações do cfch?”. quase que silenciosamente responde: “sim, estou”. silêncio absoluto e olhos pro alto. finalmente, o diálogo começa.
- ontem, como foi?  - disse ele.
- sinceramente?
- sim?
- uma merda!

danilo ria e cecília também. voltaram ao silêncio. retomando, enfim.
- e você? esperando o quê? – cecília disse.
- estou esperando karol do meu grupo de estudo. temos que falar com professora cecília.
- cecília?
- é. (risos)
...

cecília olhava para danilo e imaginava como seria se o “e se?” existisse entre eles. um “e se?” fascinante e ao mesmo tempo assustador. danilo seguiu:
- e aquele trabalho seu? você não falou mais nele.
- eu desisti dele...
- por quê?
- minha professora de metodologia desconstruiu minha ideia.
- que absurdo! um trabalho tão bom. você não deveria desistir. onde é mesmo que você estuda?
- fg.
- caramba! e tu sai de boa viagem pra jaboatão todos os dias?
- tem que ser, né?
- coragem.

cecília pensava, entediada: “tenho uma raiva quando me fazem essa pergunta... vamos, danilo. você consegue conversar sobre assuntos melhores.”
- desculpe a inconveniência, mas você tá muito bonita.
- obrigada. – pensando: “agora sim!”
- é sério! você não tá, você é bonita. aliás, você é linda.

sentiu o rosto corar. danilo, que percebeu, riu então sutilmente.
- tu gosta de los hermanos?
- adoro! tinha dois álbuns deles, mas perdi.
- eu posso te emprestar, se você quiser, é claro.

cecília sorriu.
- você me lembra uma música deles. até maria rita regravou. na realidade, é só um trecho que me lembra você.
- e qual seria?
- “fazer do teu sorriso, um abrigo”. o título é...
- casa pré-fabricada?
- exato. estava tentando achar uma música que combinasse contigo. você sorriu nesse mesmo instante e o trecho caiu como pluma.

ela se encantava com as palavras que danilo proferia. o centro de artes da ufpe já lotava, porém era como se tivessem criado um novo mundo (antes quebrado pelo “oi”). um mundo em câmera lenta, só para eles. a vontade era de beijá-lo, no entanto, sua timidez e fragilidade de moça não a permitiam agir dessa forma. sendo assim, baixou a cabeça.
- disse alguma coisa inapropriada?
- não, é que...

voltou a ele. neste instante, olhou intensamente nos olhos dele. eram de um verde manso, quase acinzentado, bucólico. o coração de cecília batia fervorosamente, suas maçãs queimavam como brasa. seu estômago era um iceberg. suor era amigo de suas mãos inquietas.
de repente, um beijo. não um beijo avassalador, daqueles de deixar as pernas bambas. foi um beijo calmo e caloroso, como se fosse algo natural aos dois que mal se conheciam.
- o que foi isso? – disse cecília.
- não me contive, tinha que te beijar.
- por que eu?
- não sei. a única coisa que sei é que se não o fizesse, me arrependeria pra sempre. você iria pro cfch e eu pra sala. nunca mais teria essa chance. nós nunca mais teríamos.
- eu... não sei o que dizer.
- shh... não diga, então.

beijou-a novamente. este foi marcante. cecília tentava repor o fôlego a cada movimento, talvez por não se conter diante de uma avalanche de sensações. de certo, o que era apenas paixão, a partir daí se tornou desejo. danilo segurava sua mão e a apertava. não bruscamente. intensamente seria o termo, como se segurar a mão de cecília assim era o nível máximo de intimidade que se poderia atingir. queria tê-la conhecido antes. amar para ele era desconhecido. sempre teve mulheres a seu dispor e bel prazer, todavia sentimentos, estes, por nenhuma. até cecília aparecer. amava-a.
cecília, por um momento não sabia mais o que sentir. paixão ou desejo já eram banais para definir. era amor, não tinha dúvida. amou-o mesmo antes daquele instante. aterrorizada, sentiu uma súbita vontade de sair dali. respirar, por a cabeça em ordem, refletir. parou o beijo, levantou-se ofegante e exclamou: “preciso ir!”. saiu em disparada. entrou no auditório e um organizador falou: “são 08:00, desculpe, infelizmente você não pode ficar aqui.”, então disse atordoada: “meu deus, ainda são 08:00?!”. o tempo não havia passado. correu ao banheiro, jogou água no rosto e se olhou no espelho. estava vermelha, quente. fechava os olhos e sentia o gosto do beijo, ainda marcado.
a amiga de danilo chega e o vê com a face catatônica e pergunta:
- dan, o que aconteceu?
- nada. – piscou os olhos, como se esquecendo o que acontecera – vamos pra sala?
- vamos, agora fica bem, tá? pelo amor de deus, senão professora cecília vai achar você alheio aos nossos compromissos.
- estou bem, karol. vamos.

não, não estava bem. sentia-se confuso, sem entender. queria cecília, saber o que houve. do outro lado, lá ela estava. tinha tomado coragem, saiu do banheiro e foi ao encontro dele, porém era tarde. ficou pensando quando o encontraria de novo, se é que o encontraria.
sua tarde nas apresentações no auditório foi maçante. não se concentrava. suas melhores amigas, ingrid e renata perguntavam: “o que tu tem?” a todo instante. “não tenho nada, tô bem”, respondia mesmo elas já sabendo o que provavelmente teria acontecido. queria ir pra casa, descansar, brincar com sua cadelinha e dormir. nada era pior do que se sentir daquela maneira. ao término das apresentações, danilo a espera na saída. o olhar verde e bucólico a invade novamente como onda quebrando na praia. e o mundo fica em câmera lenta mais uma vez:
- preciso falar com você, pode ser? – disse danilo.
- sim.
e foram caminhar para um lugar mais quieto. olhou para as amigas e ambas assentiram com a cabeça. em palavras, um “fica tranquila”.

- gostaria de saber se te fiz algo. – continou danilo – acreditei por um momento que não era somente eu que estava presente ali.
- ironia?
- não, cecília. sinceridade. – encostou em seu ouvido – você fugiu, o porquê, não sei. mas você estava lá. eu te beijava, você me beijava também. o que deu errado?

silêncio absoluto. por instantes, ela delirava. a voz de danilo fazia suas veias pulsarem. tinha sede do sabor do beijo de outrora, e por este latejavam-se os lábios. não aguentava mais. o que a prendia?
- você tem medo – danilo falou.
- medo de quê?
- medo de arriscar, de se por em perigo comigo. – segura o rosto dela com as duas mãos – o que você tem a perder?
olhares cruzados. perto demais. bocas latejantes se unindo...
- você me lembra o trecho de uma música de lenine. – sussurrou cecília.
- e... – inebriadamente – qual é?
- você é a canção completa, mas principalmente o último verso: “o salto do desejo, o agora e o infinito. é o que me interessa.”

não sabiam o que aconteceria a partir dali, porém de uma coisa temos certeza: o mundo girava então, infinitamente, em câmera lenta.